Povos Nativos
No Estado do Espírito Santo vivem dois grupos de povos indígenas: os Tupinikim e os Guaranis.
Os Tupinikim
O povo Tupinikim é habitante desta região desde antes da chegada dos colonizadores. Ocupavam um vasto território situado entre o Sul da Bahia e o Espírito Santo e sua população estimada em 55 mil habitantes que foi se reduzindo drasticamente devido aos conflitos com o colonizador, das doenças e da política de aldeamentos.
Na primeira metade do século XX, o povo Tupinikim habitava a região que circunda Aracruz dispersos em 40 aldeias vivendo da pesca, caça, coleta de frutos e da agricultura de subsistência.
Em meados de 1940, passou a sofrer forte impacto sobre o seu modo de vida com a ocupação das suas terras e com a monocultura do eucalipto iniciada em meados de 1967.
A partir do ano de 1970, os remanescentes destes povos concentravam-se em apenas 03 aldeias (Comboios, Caeira Velha e Pau Brasil). Juntamente com os Guaranis, migrantes da região sul que se estabeleceram na região, iniciaram as lutas para reaverem suas terras.
Os Guaranis
O povo Guarani possui uma população de cerca de 30.000 pessoas no Brasil e comunidades no Paraguai, Argentina e Bolívia. No Espírito Santo estão distribuídos em duas aldeias: Boa Esperança e Três Palmeiras.
Vieram do Sul do Brasil numa caminhada que teve início em 1940. O povo Guarani não é nômade. O movimento migratório é uma marca da cultura deste povo desde o período pré-colombiano. O caminhar tem orientação religiosa sendo provocado pela idéia da busca pela "Terra Sem Males".
Os Guaranis tem lutado fortemente para manter a sua cultura. Todos falam o idioma Guarani e realizam diariamente seus rituais religiosos. A base da sua educação tradicional está baseada na sabedoria dos mais velhos e dos líderes religiosos.
Outras características
Atualmente, estes povos nativos possuem três áreas descontínuas de terras localizadas no município de Aracruz com um total de 7.559 hectares, ilhadas entre plantios comerciais de eucaliptos. Suas terras demarcadas significam apenas 03% do território tradicional demarcado no século XVIII.
Nº de habitantes das aldeias
Povo |
Aldeia | Aldeia Nº de Famílias | Nº de Habitantes |
Tupinikim |
Caeiras Velha | 245 | 962 |
Comboios | 60 | 342 | |
Irajá | 84 | 368 | |
Pau Brasil | 78 | 348 | |
Subtotal | 467 | 2020 | |
Guarani | Boa Esperança | 20 | 74 |
Três Palmeiras | 27 | 144 | |
Piraqueaçú | 07 | 27 | |
Subtotal | 54 | 245 | |
Total | 521 | 2265 |
Censo elaborado pela FUNAI até 30/04/2004
Mesmo estando com suas terras demarcadas, os recursos são poucos e os problemas nas aldeias continuam se agravando.
Entre muitas potencialidades de desenvolvimento que a região apresenta, o seu potencial turístico nunca foi incentivado. O acesso mais rápido as aldeias são precários. As belezas dos manguezais na área da reserva começaram a serem explorados por empresas comerciais sem que os nativos recebam por isso.
O povo Tupinikim tem se esforçado para resgatar aspectos da sua cultura que se perdeu ao longo do tempo. Falta trabalho, respeitando-se as características sócio-culturais destes povos.
O resgate dos hábitos, costumes e tradições destes povos, integrados à modernidade poderá transformar-se em uma opção turística muito importante para o município de Aracruz. A viabilização da rota do turismo aproveitando as potencialidades das aldeias com a divulgação das suas festas, artesanato entre outras, contribuirá para a massificação cultural destes povos, de sua inclusão social e diminuição do preconceito contra estes povos.